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Um mindset forjado no "asfalto"

Um mindset forjado no "asfalto"
Larissa Mosko Hack Bornancin
jan. 22 - 4 min de leitura
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Quando seus olhos mudam, tudo muda! E toda atividade ao seu redor terá a cor do óculos que você usa, isso nós já sabemos faz tempo, mas quero te contar sobre ontem, quando peguei emprestado um outro óculos, na verdade não pedi, praticamente me foi colocado no rosto e pronto: - olha aí!

Sempre observo os vendedores e prestadores de serviço autônomos que trabalham nos semáforos e lugares de circulação, e como quase sempre estou acompanhada de minhas crianças juntos fazemos nossas observações e aprendemos com cada um; Uma profissional chama nossa atenção especialmente, trabalha aqui perto de nossa casa e sempre nos deparamos com ela vendendo seus doces a R$1 com muito entusiasmo e sempre sorrindo, chama atenção de todos e é conhecida pelos passantes já aguardam seu sorriso e brincadeiras. Converso com as crianças sobre a diferença que faz sua atitude independente da função, e já tinha dito a elas que quando eu precisasse de alguém para algum projeto eu viria procurá-la.

Chegou o dia em que, com um projeto saindo do forno, preciso de de uma pessoa com esse nível de entusiasmo para fazer a divulgação de um evento, fui até ela para me apresentar e conhecê-la; E fui surpreendida com a transparência mais impactante dos últimos tempos para mim! Não sou do tipo alienada, e se você me conhece sabe que pouca coisa me surpreende, mas em matéria de ponto de vista tivemos uma longa conversa que veio de encontro com tantos estudos comportamentais e na área de empreendedorismo que no último ano mergulhei, e ela veio validando algumas e reformando outras teses defendidas por aí.

Me descreveu recorrências dos seus dias no “asfalto” como ela mesma chama, da frieza das mal humoradas de cílios perfeitos em seus carrões, das pessoas que param no sinal aos prantos e sem incomodá-los era faz uma prece pois sabe o que é se sentir só, dos homens que param com suas famílias no sinal e compram doces para todos ao mesmo tempo que fazem soar no celular dela a notificação do aplicativo de namoro em que eles estão cadastrados (e ela que é solteira também está), e das tantas promessas que recebe ali de ajudas (que ela não pediu mas as consciências pesam ao ver alguém tão feliz naquela função) que nunca se concretizam; Foram muitas histórias, seriam muitos mais minutos de leitura.

Contou sobre sua percepção da mudança no comportamento econômico das pessoas, nesses 5 anos em que atua no asfalto sem ter tido nenhum contato com o termo “VUCA” ela o descreveu ali para mim, baseada nesses e em outros relatos comportamentais ela me falou da sua preocupação com o futuro emocional do mundo da mesma forma que vejo falas em palestras inspiradas em estudos de grandes universidades; E muito emocionada me falou de sua história e da grande vitória que é levantar todos os dias para lutar, e mesmo que venha desmotivada ao pisar no asfalto vem o entusiasmo, e sorrir para esse público, mesmo imperfeito, se torna combustível para mais um “leão a ser vencido” dando um show de mindset!

Me coloquei no lugar de todos descritos nesse texto, aprendi muito e ainda estou absorvendo a lavada que levei de ousadia e fé, da mulher forte que não consegue emprego em vendas (segundo ela) pela falta de um dos dentes da frente, que nao resistiu a um tratamento de saúde, que porém não faz falta diante da sinceridade do seu sorriso.

Esse “ontem” ainda me renderá muitos textos com certeza, nesse projeto que estaremos juntas muito mais ampla já se torna minha visão.


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